Precisamos falar sobre a cultura machista no ambiente de produto e tecnologia

Sofia Fuser Galvao
4 min readSep 27, 2022

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Bom, o quanto o patriarcado é intrínseco da nossa sociedade nós mulheres, já sabemos!

Mas, para os homens que aqui estão, vale reforçar. Para isso vou contar uma breve história, sobre o machismo e com números sobre a equidade de gênero no mercado de tecnologia.

Afinal, vocês sabem o que é machismo e como esse movimento de equidade de gênero começou?

Machismo é a sensação de ser ‘viril’ e autossuficiente, o conceito associado a “um forte senso de orgulho masculino: uma masculinidade exagerada”.

Está associado à “responsabilidade de um homem de prover, proteger e defender sua família”. Em um termo mais amplo, o machismo, por ser um conceito filosófico e social que crê na inferioridade da mulher, é a ideia de que o homem, em uma relação, é o líder superior, na qual protege e é a autoridade em uma família. Hoje em dia as coisas mudaram, mas o conceito continua sendo o mesmo só que em pequenos atos do dia a dia, coisas que muitas vezes não percebemos ou nao refletimos sobre são machistas. Recomendo a leitura do livro: "Clube da luta feminista: Um manual para ambientes de trabalho machistas".

Durante o movimento de libertação feminina, das décadas de 1960 e 1970, o termo "machismo" começou a ser usado por feministas latino-americanas para descrever a agressão masculina, o sexismo e a violência. Mas é claro que a origem do pensamento machista é evidente desde a antiguidade, em Roma, e a partir da Revolução Francesa. Como disse antes, por mais que o amadurecimento social já tenha mudado o pensamento antigo, ainda ocorrem inúmeros casos de machismo e, em grande parte.

Agora, falando um pouco sobre o mercado de tecnologia e números: Nós mulheres representamos apenas 20% dos profissionais do setor de TI (Dado de 2021). De acordo com uma pesquisa da consultoria Yoctoo, que atua no recrutamento e seleção de profissionais para o mercado de TI. 82,8% das mulheres trabalhadoras da área relatam já terem sido vítimas de preconceito. Entre as principais reclamações das mulheres, 82% das entrevistadas relataram que o maior desafio é ter de provar, a todo momento, a própria competência técnica.

E, ocupando a segunda posição no ranking de reclamações (51%), a questão de não serem respeitadas por pares, sejam superiores ou subordinados, do gênero masculino.

Deixo abaixo mais alguns desses dados dessa pesquisa da Yoctoo de 2021:

Homens são promovidos em potencial, mulheres são promovidas por desempenho comprovado.

Muitas empresas preferem promover um homem, sem ele estar pronto para o cargo, e ter que investir um alto valor para tornar essa pessoa apta para este cargo. Ao invés, de promover uma mulher, que claramente tem as skills para aquela posição.

Pesquisas mostram que as mulheres são submetidas a padrões mais rígidos de promoção: as mulheres promovidas têm classificações de desempenho mais altas do que os homens promovidos, e as classificações de desempenho estão mais relacionadas às promoções para mulheres do que para homens.

Um estudo mostra que as 89% das empresas hoje promovem homens, com gap ainda de desenvolvimento. Enquanto mais de 60% das mulheres são comprovadamente aptas para cargos e elas não tem o devido reconhecimento, no caso a promoção. Absurdo não é? Fora os problemas psicológicos que esse padrão leva a sociedade.

Ou então, tem aquele cenário em que a mulher até é promovida, mas dessa forma, temos:

O que conhecemos como Backlash.

Competente, mas autoritária e desagradável. Quando as mulheres contra-atacam seu estereótipo e "quebram as expectativas sobre como elas devem se comportar", elas pagam o custo: As mulheres dominantes são percebidas como menos agradáveis do que os homens.

Uma pesquisa de 2016 com mais de 30.000 funcionários descobriu que as mulheres que negociavam promoções eram 30% mais propensas que os homens a serem rotuladas como intimidadoras, mandonas ou agressivas.

Enquanto os homens são geralmente retratados como tendo características como competência, orientação para realização, inclinação para assumir comando, autonomia e racionalidade, as mulheres estão associadas a características comuns, como preocupação com os outros, tendências a associação, deferência e sensibilidade emocional. Essas características não são apenas diferentes, elas tendem a ser opostas: leigos em média acreditam que os homens não devem ser excessivamente calorosos e que as mulheres não devem ser excessivamente dominantes.

A pesquisa sobre essas generalizações tem sido extensa e mostra que elas são consistentes entre culturas, tempo e contexto.

Estereótipos geralmente servem como atalhos para formar impressões sobre pessoas e guiar nossas decisões, sem que elas estejam completamente cientes disso. Os preconceitos de gênero têm consequências importantes para o local de trabalho.

Vamos quebrar esse padrão de privilégio!
(Lembrando que privilégio do latim significa: Aquilo que é válido para poucos)

Então, deixo aqui o meu lembrete para reflexão e conscientização sobre esses esteriótipos e um convite para sermos nós a mudança!
Que tal começar agora?
Olhe para o seu dia a dia, como você pode apoiar aquela mulher que merece, que se esforçou para estar ali?!

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Sofia Fuser Galvao

Mulher, Bissexual, Cearense, Produteira, Curiosa, Apaixonada por gatos e trilhas.